segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Alba Atróz sobre Lucas Lins



Alba Atróz é um escritor nascido no bairro de Guaianases, autor das obras Reminiscências, Mil horas sem fim. 
Seu mais recente trabalho Virtuose é um romance que aborda o tema da redução da maioridade penal, pela visão do oprimido, (logo terá uma resenha aqui no blog), uma honra de tê-lo como participação na introdução do meu primeiro trabalho com poesia.
UM SER ESCOLHIDO
Alguém de espiritualidade elevada já disse-me que a gênese dos grandes poetas acontece por um sopro literário homérico, divino, semelhante ao descrito em Gênesis 2:7. Tal teoria surge da força da curiosidade, do querer compreender como é que seres elevados surgem na terra para aprofundar-nos o entendimento da existência através de seus motes. Lucas Lins é um desses seres.
Com a objetividade de quem deseja revelar-nos visões através de versos, a respeito de quem se encontra martirizado e subjugado, este escolhido nos oferece “Remando Contra a Maré”. Uma obra preenchida pela inquietude de um garoto periférico diante do opróbrio humano, exprimindo os mais variados sentimentos que muito cedo o aflige em seu entorno e o além dos limites impostos à sua gente. Lins detém o poder de tocar-nos o âmago profundamente, fazendo-nos refletir sobre a natureza humana através do social e o político com metáforas e intertextualidades que muito instigam a nossa reflexão. Seus versos é resistência e reverberam da solitude da alma, das angústias, da vontade de tornar o mundo mais poético e menos medíocre. A singeleza dos seres que habitam o imaginário de Lins se relacionam com seu dia a dia na Cidade Tiradentes – em sua escola, em seu lar, em sua linda e sofrida vizinhança que precisa de carinho, afeto, atenção. Os versos do poeta exortam o que há de mais sublime nas quebradas e em todo o urbano da cidade e nos trás a saudade do campo perdido onde ficou Cidade Tiradentes.  Enfim, eis, em “Remando Contra a Maré”, versos questionadores, que enfrentam, que cobram. É o ensejo por mudanças; um poeta menino expressando suas perturbações em versos que enfrentam o fatalismo imposto ao povo humilde, um moço em quem é possível encontrar traços da rara beleza literária, intrínseca somente em grandes poetas, bem como toda uma manifestação do que é revelado aos que receberam o sopro de Homero - aos escolhidos da grande arte de expressar-se através de profundas palavras. Tenha uma boa leitura.
Alba Atróz

31 de agosto de 2016

Um comentário:

  1. Agradecido, Lins... A honra é minha, amigo poeta... Seus versos me tocaram muito...
    Alba Atróz

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