domingo, 4 de setembro de 2016

Uma Série de Quintana: Aula Inaugural

Olá.

Começo uma série sobre poesias de poetas que gosto e admiro, explicarei os versos, e deixarei meu comentário sobre a obra. Hoje, inicio com Mario Quitana, pois é o poeta que mais leio nos últimos dias, e muitas das poesias dele, vem inquietando a minha mente.



AULA INAUGURAL

É verdade que na Ilíada não havia tantos heróis
Como na guerra do Paraguai

Mas eram bem falantes
E todos os seus gestos eram ritmados como num balé...
Pela cadência de metros homéricos.

Quintana recorre a um dos primeiros registros de poesia, a famosa Ilíada, escrito por Homero no século VIII a.C. O poema narra os acontecimentos ocorridos em um período de 50 dias no último ano da Guerra de Tróia.
O adjetivo "Gesto", faz alusão aos versos. Sendo assim, o poeta compara o ritmo do poema, ao ritmo de um balé.
Em seguida Quintana usa e abusa do significado de "homérico", pois a palavra é relacionada a tudo que advêm de fatos relacionado ao poeta Homero, mas também é referência a algo fantástico, extraordinário.

Fora do ritmo só a danação.

Fora da poesia não há salvação"
A poesia é dança e a dança é alegria.
Dança, pois, teu desespero, dança.
Tua miséria, teus arrebatamentos,
Teus júbilos

Logo na sequência, vêmos novamente a ideia de movimento. A poesia salva! 
Faça do poema uma dança, em que todas as mais diversas sensações sejam expressas.

E,
Mesmo que temas imensamente a Deus,
Dança como David diante da Arca da Aliança;
Mesmo que temas imensamente a morte
Dança diante da tua cova.
Tece coroas de rimas...
Enquanto o poema não termina
A rima é como uma esperança
Que eternamente se renova.
A canção, a simples canção, é uma luz dentro da noite.
(Sabem todas as almas perdidas...)
O solene canto é um archote nas trevas.
(Sabem todas as almas perdidas...)

Vimos que no poema de Quintana a dança é oriunda da poesia, portanto, dance as situações cotidianas, como o temor a Deus e a morte. E cada rima de um poema, trará combustível para continuar a escrever.
Importante destacar a linha "Tece coroas de rimas..." pois é uma grande metáfora à coroa de espinhos usada por Cristo, durante a crucificação.

Se há ritmo (verso) e esperança (rima), poesia é uma canção. E com essa ideia, Quitana define poesia "é uma luz dentro da noite". E recitar poemas (cantar) "é um um archote nas trevas".

Dança, encantado dominador de monstros,
Tirano das esfinges,
Dança, Poeta,
E sob o aéreo, o implacável, o irresistível
Ritmo de teus pés,
Deixa rugir o Caos atônito.

Quintana denomina termos aos poetas (encantado dominador de monstros/tirano das esfinges). Portanto "poeme-se", e a cada lugar que for, leve esse espiríto poético (Deixa rugir o Caos atônito). 

Esta foi a minha análise sobre o poema Aula Inaugural de Mario Quintana, seguindo a risca o título do texto, é de fato uma Aula Inaugural, uma espécie de introdução à poesia, um conselho de Quintana a novos poetas, e aos amantes da poesia.



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